2 de dezembro de 2018

Lembrete

Por acordar, lembrou-se do que havia passado
do que havia dito
de onde havia estado

Por se arrepender, ficou deslocado
de onde havia vindo
para onde havia voltado

Por esquecer-lhe
mas tem mais presença em ti
aquilo que faz falta

Por desespero, se perder 
na insana busca por algo
perdendo as estribeiras, os limites
porque todo excesso esconde uma falta

Por tudo que havia estado
que já não faz mais sentido
apesar de ter sido sentido
por tudo, aquilo tudo que foi omitido

Por 
que
tem presença demais aquilo que
faz falta
e
o esquecer, afinal, é um eterno lembrar-se

22 de novembro de 2018

O homem que não se amava

Ele caminhava por aí sem rumo, vendo as pessoas passando enquanto iam e vinham sem se dar conta do passar do tempo. Ao passo que passeava, pari passo pensava, enquanto caminhava pela calçada das ruas da vida.

Ele se encantava, vez ou outra olhava de soslaio enquanto alguma coisa o chamava a atenção. Pensava que amava. Pensava que pensava, mas não saia quase sempre da mesma condição.

Ele continuava seguindo a trilha que encontrava pelo caminho, vez ou outra se perdia, mas voltava, se perdia de novo. Ele estava sempre sozinho. Em silêncio encontrou seus melhores entendimentos e aos poucos, com a calma que conquistou na mente, voltou a enxergar.

Ele caminhava por aí quando avistou algo nas pedras, se desvirtuou enquanto tentava chegar cada vez mais perto, sem sucesso. Não existia nada, mas foi o suficiente para ele perder completamente o senso.

Ele se perdeu no tempo, se perdeu de si mesmo e perdeu o prazer nas coisas que mais os encontrava. Tudo era só passatempo, distração, um pouco mais de irrelevâncias a se carregar. Porque no final das contas, quando se enxerga a essência, todo o resto não passa de frivolidades.

Ele lutou por poucas coisas na sua vida e todas elas foram no momento em que tinha que estar, viraram aprendizados, arrependimentos, marcas, dores, lamentos...

Na maioria das vezes ele deixava passar, já que não fazia nenhuma diferença. Ele deixava passar e logo se encontrava de novo em si mesmo. Mas um dia, se machucou feio.

Um dia caiu e demorou a levantar. Um dia perdeu toda a capacidade de analisar e de pensar, características que lhe eram tão caras. Vagou por aí como um qualquer. Fez o que jamais imaginou. Se viu travestido das coisas que sempre repudiou.

Ele se forçava a entender, porque não há paz para ele enquanto não entende o por quê. Ele foi e voltou, caiu, derrubou, caminhou. Ele quis chorar, gritou, pediu, implorou e depois percebeu o quão insano havia se tornado.

Ele já estava acostumado, calejado, anestesiado e mesmo sem reencontrar o prazer nas coisas que sempre gostou, seguia incólume, pois já conhecia tudo que viria por ai. Tudo igual. Mas por quê, ele insistia.

Ele ficou pensativo, triste, mas atento, até perceber, de uma vez por toda que o problema não era o tempo, não era o vento. O problema não era novo, tampouco. Não eram eles, não era ela. Não era nada além de si mesmo.

Ele, com o tempo e despretensão que carrega percebeu que ele era apenas um homem que não se amava.

18 de novembro de 2018

Longe

Se o passado falasse, não seria tão ríspido, mas, com toda certeza, deveras metido. Já sabia de tudo, devidamente instalado, vivido e planejado.

Se pudéssemos editar as passagens, quais escolhas - de novo - faríamos? Iriamos pelo mesmo caminho ou simplesmente viraríamos a esquina com uma desculpa qualquer... Ora, me desculpe, tive um imprevisto!

Não vou andar por essas ruas porque me causarão dor e um dia, não terá ninguém para me receber por aqui, quem diria.

E continuarei andando por aí, sem um porto seguro. Foi só uma passagem, um hotel de beira de estrada com chaves na porta, que me permitiu algumas noites de sono, com certo sossego. Foi só um café da manhã incluso que me permitiu viver dias sem passar fome. Mas meu lugar é o mar, navegando por aí sem saber quais serão as condições da maré ao acordar.

E não procure saber de mim, mesmo que já seja evidente que isso jamais aconteceu. Não procure saber onde estou, pois sequer eu sei dizer. Não sei quais são minhas escolhas, tampouco para onde estão me levando, mas espero que seja o mais longe possível.

Se o passado falasse e, principalmente, ouvisse, eu diria para ele ir embora daqui. Não quero ver o teu rosto para não lembrar de nada. Nesse meio tempo roubaram meu sorriso e eu fiquei satisfeito por isso.

Afinal, também há paz na comodidade. Por pior que ela seja, carrega estabilidade. E agora estou caminhando por aí, vendo vários rostos, vários corpos, vários egos, vários prazeres, vários vícios e pensando no que posso fazer para ir cada vez mais longe daqui.

E não procure pensar em mim, por mais que eu sabia que isso não vai acontecer. Que não saiba onde estou, enquanto engulo todas as lágrimas que minha alma pensa em derramar, mas eu não deixo. Para todos os efeitos, se por algum milagre me perguntarem por onde andei, direi: O mais longe possível daqui.

Mas que diferença faz, não é mesmo? Já que tudo que vivi não sai da minha cabeça porque eu tenho apego, apego de pai, apego de autor, apego de criador, já que não passaram de histórias e circunstâncias criadas na minha cabeça doente.

E não procure saber de mim, pois estou cada vez mais longe. E não procure saber o que faço, mesmo que eu saiba que isso jamais aconteceria. Mas, que diferença faz, não é mesmo? Já que ninguém saberá o que agora sim, insisto em não ser mais.

13 de novembro de 2018

Ferido

Estou dilacerado, mais uma vez. As palavras saem como lágrimas dos meus dedos. Minhas mãos tremem e isso tudo é tão tóxico que sinto vontade de vomitar.

Tentar entender é um erro, porque cavar mais profundamente um lugar que não se conhece pode acabar mal. Sempre acaba mal. É melhor, na verdade, evitar.

Ouço o que minha cabeça diz, o que meu coração grita, o que minha alma sussurra e não faço absolutamente ideia de qual caminho seguir, não consigo clareza no olhar.

Todos os dias são iguais, com dores no peito, com nó na garganta e só passa por uma questão de minutos e quando tudo está indo muito bem, por algumas horas, e até agora não sou capaz de explicar.

O mundo me levanta até eu sentir vertigem da altura e me arremessa contra o chão com a maior força que possa existir. Fui atropelado pelo destino enquanto corria tentando alcançar até onde não consegui chegar.

Me embrigado, me envergonho. Perco o controle. Vou parar aonde não sou bem vindo. Vou falar coisas pelas quais não sou mais ouvido. Tudo é deveras intenso e real, em que pese nada faça sentido.

Continuo a caminhada pelo deserto onde só vejo areia. O vento levou todos os rastros de pegadas e me apego, então, às miragens que minha mente cria para me manter vivo. Eu busco todos os dias por um abrigo, mas estou à deriva.

Meu peito parece pequeno para carregar tanta frustração, tanta tristeza e tanta rejeição. E eu continuo com sede, sabe-se lá por quê. E mesmo sem fome, suplico por migalhas.

Estou dilacerado, mais uma vez. As palavras saem como lágrimas dos meus dedos. Minhas mãos tremem e isso tudo é tão tóxico que sinto vontade de vomitar.

Quem sabe um dia meus olhos marejados chorem tudo de uma vez o que tem de chorar e aí, no outro dia eu acorde renovado. Mas por enquanto tudo que eu busco são migalhas para matar a fome que eu não tenho mais.


31 de outubro de 2018

Olhos míopes

Meus olhos são míopes, mas meu coração que está cego
Sempre tive a vista ruim, desde moleque, mas não o olhar
No entanto, agora meu coração inventou de não enxergar

Meus olhos são míopes, mas o coração que dá as topadas
Tropeça nas pedras, confunde formas
Ele dói e arde como se tivessem jogado areia nele, e estou falando do coração

As manhãs com o nó na garganta são mais comuns do que acordar com sono
Achei que o tempo rapidamente curaria, ledo engano
Sofro por ter algumas palavras, mas sem a quem as dirigir. Porque meus olhos são míopes, meu coração não enxerga e o meu amor está surdo e não ouve mais as minhas juras

Agora estou aqui. Sem enxergar, sem entender, procurando para onde ir
Porque meus olhos são míopes, mas meu coração que não vê mais nada.

29 de outubro de 2018

Indo embora

Meus amigos estão indo embora
com eles as lembranças e todo aquele ócio que compartilhamos.

Meu tempo está indo embora, fugás, sorrateiro...
O tempo traz o que não fica e leva o que achei que estava aqui, comigo.

O que sou é nada, um oco sobrevivendo ao tempo que vai embora

Quando penso que não vou mais fundo, a realidade me apresenta um novo caminho, mais profundo.

Quando penso que já vi de tudo,
um novo conhecimento acende como um fósforo no deserto
Não ilumina quase nada
Mas deixa claro o tamanho da escuridão

Já não sei pelo que vale esticar os braços
porque no final meus amigos vão embora
e o tempo se esvai

28 de outubro de 2018

Olhos baixos

Onde foram parar esses seus olhos baixos? 
Será que se fecham ao beijar outros lábios?

E o sorriso que fazia o tempo parar
Será que confunde o relógio de outras pessoas?


Onde foi parar tua respiração pesada pesada pela manhã, enquanto faltava ar 
Será que lhe falta o ar por outra presença?

Procuro teus olhos baixos em todos os silêncios que estou
Por trás da fumaça anseio encontrar teu rosto, teu sorriso, ao me mostrar que chegou

Onde estão seus olhos baixos 
Será que jamais chegarei em casa e te encontrarei entediada no sofá?
Será que não terei tuas mãos junto às minhas ao dormir?

O mundo ao teu lado parece tão pequeno 
Porque eu posso tocar o céu, posso tocar o sol, posso sentir o azul de um dia ensolarado
Mas sem teus olhos baixos me sinto um grão de areia e o mundo me assusta
São tantas pessoas, mas não vejo ninguém 
São tantos prazeres, mas continuo com sede 

Embora o tempo passe, nada dentro de mim passa 
E fico me perguntando afinal, onde estão aqueles olhos baixos?

Será que se fecham ao beijar outros lábios, enquanto eu espero teu sorriso aparecer entre a fumaça?

23 de outubro de 2018

É triste.

É triste.
As pessoas se perdem e no meio do caminho acabam sendo o que nunca gostaram de ser. Se tornam o que tanto criticaram.
Mas que absurdo, tornar-se o espelho daquilo que era apenas repúdio.
É triste.
Ver que as pessoas acabam escolhendo caminhos estranhos, com pessoas estranhas, em uma busca desenfreada por alguma coisa que falta dentro de si.
É triste.
Como é triste não reconhecer mais a luz, porque ela fora apagada pela nossa ansiedade tão fugás.
É triste, saber que nada valeu a pena e já se perdeu em becos e vielas sujos e baixos.
É triste.
Se perguntar em determinado momento: "Mas que diabos estou fazendo aqui?"
Pois se perder no mundo é perigoso, porque tudo tem o sabor doce. Tudo tem colorido e encanto. Tudo parece divertido, mas quando acaba o peso repousa em nossas costas.
Todas aquelas energias. Todas aquelas almas perdidas. Todas aquelas pessoas completamente sem rumo, cada uma a seu modo e por um motivo.
É triste. 
Porque tentam se agarrar em alguma coisa sólida, que faça sentido e que não permita pensar.
Pensar nos leva a clareza, que nos leva a luz e que muitas das vezes nos levam a conclusões que não queremos chegar.
É triste.
Porque na maioria das vezes saímos da trilha por querer e nos perdemos no mundo, pelo puro medo de não chegar aonde sabemos que seria o final da estrada.

22 de outubro de 2018

Passivo

Estou passivo. Não sou flecha. 
Sou alvo.
Estou passivo. Não sou navalha. 
Sou carne.
Sangro como se não houvesse amanhã, sem parar, até desfalecer.
O sono vem. A noite cai. O sono vai. O dia vem. O sono continua. Estou passivo.
Vejo o dia passar. 
Assisti a tudo que se passa na minha frente.
Não há perfume. Não há sabor. Não há cheiro. Não há satisfação em mais nada.
Eu estou passivo. 
Não sou o martelo. Sou o prego. Sou o parafuso, rodando, rodando, rodando...
Sem parar.
Eu estou passivo.
Eu fui passado para trás.
Eu estou atrás do que passou.
Eu era a carne e não virei navalha.
Se eu deixar de ser passivo, será perigoso, porque possa ser que, afinal, eu acabe de uma vez com tudo isso.
Mas não hoje, pois estou pacífico.

15 de outubro de 2018

Meu apego

Por vezes é conveniente manter o sofrimento, pois é a desculpa pronta para as frustrações do dia a dia. Já que estou triste, que seja pelo mesmo motivo. Já que estou frustrado, que seja por algo que eu não possa alcançar, mas que não depende de mim.

"A culpa é dos outros"

"A culpa é de quem?"

"Há culpa?"

É conveniente, afinal, ser a vítima, sofrível pelas circunstâncias do destino. Não nos enxergamos e não vemos nossos defeitos, que, iguais nos outros são inaceitáveis!

Ora, que culpa tenho eu de ser um sofredor?

A verdade é que nos apegamos também ao fundo do poço, porque lá a zona é de conforme. O que pode acontecer de pior? Para que me arriscar a ser feliz?

Na verdade, temos medo da luz, temos medo do sucesso, temos medo de dar certo, afinal! Pois por vezes e não poucas, é mais cômodo manter o sofrimento, viver na mesma toada, na mesma nota, na linearidade da tristeza que nos assola.

A culpa não é minha. A culpa é da vida. A culpa é dela. A culpa é da circunstância. Eu estava certo. Eu estava errado. A culpa é dos outros. A culpa é de quem? Há culpa?

O fato é que somos apegados até ao nosso estado mais podre, ao passo que fazemos da nossa pior versão um porto seguro, pois queremos segurança.

E foda-se o sucesso, foda-se a plenitude. Eu não quero dar certo. Eu quero culpá-los e me deixem aqui com essa tristeza, pois já fizemos uma boa amizade.

14 de outubro de 2018

Nada

Hoje acordei, acordei na hora e não havia nada. Não, não havia mais nada.
Não havia lágrima, não havia saudade, não havia sorriso ou vontade.
Hoje acordei e não havia dor, temor, amor...
Não havia perspectiva, esperança ou indignação.

Hoje acordei e o mundo estava cinza, como sempre foi.
Não havia sonhos, ansiedade ou arrependimentos.
Hoje, quando acordei só havia silêncio e o mais profundo nada
Não havia mudança, poder ou rancor.

Hoje quando acordei eram apenas alguns pensamentos sortidos, sem sentido e incólumes.
Não havia pretenção, ação ou desejo.
Hoje quando eu acordei era só eu nessa casa enorme só para mim, fazendo força para levantar meu corpo pesado.
Não havia motivo para viver, motivo para esquecer ou se render.

Hoje quando eu acordei ficou claro que não vale a pena ser, pois não há pelo que existir...
Ora, somos um mero detalhe e hoje, quando acordei, não era nada.

Verdadeira Solidão

A verdadeira solidão é amar, mas amar sozinho. Amar o que não existe. Amar o que não faz parte da realidade.

A verdadeira solidão é o espaço imenso que sobra na cama todas as noites. É a falta das mãos dadas e dos abraços durante a madrugada. A sofrível solidão é acordar e não ouvir a respiração de um hipnótico sono e pensar que poderia ficar ali olhando pela eternidade.

Na verdadeira solidão falta gosto, falta tempero, falta sorriso. Todos são exatamente iguais, previsíveis. As mulheres são como limonadas prontas, sem qualquer atrativo diferente. São como junk food, são como...

A verdadeira solidão está no imenso vazio que habita dentro de nós quando as palavras não alcançam mais sentimentos, quando o silêncio é o momento mais confortável do dia.

Passamos a viver no automático, amando sozinho. Passar a amar no automático, vivendo sozinho. Acordar bem cedo, antes do mundo para começar a fazer alguma coisa que faça a diferença. Trabalhamos como nunca. Vivemos como ninguém.

A verdadeira solidão é perceber que todo o tempo não teve aquela intensidade para mais ninguém, além de você mesmo. É perceber que o mundo continuava incólume aos seus mais profundos desejos, embora alguém parecesse estar contigo.

A verdadeira solidão é sentir falta do que sequer se lembra da sua existência. É se sentir triste o tempo todo, mesmo no calor intenso. O sol já não ilumina, ele queima. Suamos. Até que o dia chuvoso resolve aparecer e entre as nuvens algo se parece mais com o que carregamos dentro de nós.

A verdadeira solidão é amar, mas amar sozinho. Amar o que não existe. Amar o que não faz parte da realidade.

Afinal, quem se importa além de nós mesmo? Já que a verdade solidão é amar sozinho e não conseguir se livrar do que é inviável.

9 de outubro de 2018

Vou

Vou-me embora daqui, para outro lugar. Vou para um lugar calmo e tranquilo que me equilibre, algum lugar, qualquer um deles, perto do mar.

Quero acordar de manhã com a luz do sol e o barulho das ondas perto da janela e não ter que olhar relógio, despertador, reunião ou compromissos sem sentido.

Vou-me embora daqui, mas não vou sozinho - quisera - vou eu e a tristeza, que se tornou uma companheira inseparável. Já não consigo me livrar dela.

Vamos morar juntos nesse casebre na beira do mar, escondidos pela mata e pelas árvores, finalmente não teremos a quem chamar.

Quando recebermos visitas, muito de vez enquanto, será para almoçar no domingo, convidaremos nossos amigos silêncio e vazio para dividir a mesa. Então, nós quatro, sem sorrisos, palavras ou sentido desfrutaremos do tempo e o veremos passar.

Ninguém mais virá nos visitar, acordaremos e nos alimentaremos e sairemos por aí, a caminhar... Vez ou outro me perderei dela, da tristeza, mas logo vai passar. Ela é boa em me encontrar.

Vez ou outra, quando ela for pescar, vou chamar o meu amigo vazio para me fazer companhia e pensar até que o pensamento trave e não encontre saída. Folhearemos alguns livros ou até mesmo alguns arquivos com as fotos de outro tempo, nos lembraremos do nosso amigo sorriso, que nos deixou.

Vou-me embora daqui, para outro lugar. Vou para um lugar calmo, sozinho, mas a tristeza vai me encontrar por lá.

26 de setembro de 2018

Slide away



Slide away and give it all you've got

My today fell in from the top 

I dream of you and all the things you say 

I wonder where you are now? 




Hold me down all the world's asleep

I need you now you've knocked me off my feet 

I dream of you and we talk of growing old 

But you said please don't

20 de setembro de 2018

Quem não é visto

Quis escrever para que as palavras não deixassem morrer o mundo como vejo. Como passei a ver. 

Quem não é visto... Quis ser visto para ser lembrado, com medo de ser esquecido.

Até perceber que não adianta que os olhos vejam, se o coração já não enxerga. 

Enquanto os pensamentos se encontram, as vibrações se entrelaçam, em que pese qualquer coisa.

E mesmo que ninguém me veja, ou se importe, eu quis ser visto, com medo de ser esquecido.


Mas se, de fato for, que seja. Afinal, que diferença faria?

11 de setembro de 2018

Sobre o amor


O amor é encontro de luz entre duas almas que se entendem sem falar uma palavra. É a conversa entre os olhares no infinito silêncio do entendimento entre os seres.

O amor é o que dá a sensação de infinidade ao tempo, aos relacionamentos. Com ele podemos nos dar ao luxo de sentir o tempo parar, como se mais nada houvesse no mundo.

Toda intensidade preenche os espíritos e os corpos com altas doses das mais fortes substâncias da natureza. Transbordam-se em sorrisos os amantes só te poderem enxergar o que sentem frente a frente, um no outro.

Estar parado com a luz da lua no balançar da rede traz a sensação de ser imbatível. Como se não houvessem questões a serem resolvidas. Sofridas. O sofrimento então, se coloca no seu devido lugar, em uma caixa fechada que ninguém tem a chave.

O amor torna as palavras dispensáveis e a beleza um mero detalhe. O sorriso não é sorriso pelos dentes branco e perfeitos, mas pelo que ele representa. O olhar não é belo por ser colorido ou brilhante, mas por abrir as portas da alma.

O amor faz o homem do mais forte. Da mulher mais segura. Do céu mais colorido. Da chuva mais agradável. Do futuro esperado. Do passado um detalhe. Do presente uma alegria.

O amor faz das pernas inteligentes caminhos para se deslocar por estradas completamente desconhecidas e enviar às favas os detalhes de localização, pois na visão de quem ama, o caminho é a maior felicidade em se encontrar.

E se um dia o amor encontrar alguém que não acredita nele, sequer se dará ao trabalho de provar o contrário, porque mais cedo ou mais tarde tudo se tornará claro...
O amor é a força que falta a quem não o conhece.