10 de abril de 2019

E(u)xistencial

Eu sou ácido e existencialista, desde que me encontrei nessa filosofia
Eu sou a falta de sentido sobrevivendo da essência que carrego em mim mesmo
Eu sou e sempre fui a análise fria da verdade, a consequência a longo prazo
Eu sou o conteúdo construído bloco por bloco, sem atitudes a esmo

Eu sou o investimento de baixo risco, mas consistente
E toda vez que conheci o fracasso, partiu de quando tentei fazer diferente
Eu não me alimento de paixões e nem me contento com cegueiras das atitudes impulsivas
Eu sou a calmaria dos padrões, da observação e da tranquilidade da precisão das esquivas

Eu não sou de me perder, pois prefiro estudar muito bem o caminho antes de sair
E toda vez que pulei no abismo esperando alguém me segurar, nada aconteceu além de cair
Eu não sou de me anular ou de me entregar a qualquer coisa, eu não sou de ser uma parte do todo
Eu sou a principal e fundamental parte de mim mesmo

Eu sou o meu próprio controle, dono de mim mesmo
Eu sou o dono das minhas escolhas
Eu sou amigo das consequências e nunca tive problema com isso
E toda vez que falhei, foi quando quis fazer diferente

Eu gosto de caminhar sozinho, em silêncio e não costumo fazer muita coisa junto
E na maioria das vezes que falhei miseravelmente, foram aquelas que abri mão de mim mesmo e quis ser igual a todo mundo

5 de abril de 2019

Escritos

Minhas palavras não são ilusões, não são utopias. Escrevo o que eu sei ou acho que sei. Escrevo o que vejo e como vejo. Percebo que nem tudo que vejo, escrevo. Nem tudo que escrevo, vejo, mas sinto.

Não são realidades montadas as palavras que saem de mim e encontram o papel. São parte do que sou, por isso nunca me senti aliviado escrevendo. Não é meu escape, não é minha imaginação. São meus pensamentos e quando eu digo algo diferente disso, minto.

Se minhas palavras fossem algo de mim não seriam meus desejos, nem meus sonhos, seriam as minhas tripas. Seriam a parte mais intrínseca a mim e menos bonitas de serem mostradas. Quando escrevo não encontro a paz, porque as palavras são o resultado do meu caos. O que escrevo são as palavras de alguma coisa que urge em mim derramadas no papel, como uma folha suja e molhada de vinho tinto.

Muitas coisas passam dentro de mim e eu penso em textos, imagina em palavras, organizo em rimas, mas nem sempre escrevo. Na verdade, quase nunca. Há muito parei de escrever com regularidade, o que não demonstra a regularidade com que as coisas passam e perpassam na minha cabeça. É puro instinto.

Quando escrevo é como se eu estivesse completo. Não que as minhas palavras me completem, mas quando elas nascem são a parte que falta ser mostrada de mim. Eu sou um poeta frustrado, um escritor escondido no porão. Eu sou a parte mais nobre que alguém pode mostrar da parte mais vil que se pode carregar e quando não o faço, vou caindo... 

Caindo...

Se minhas palavras fossem uma parte de mim, definitivamente, seriam as tripas que estão sujas, cheias de restos, cheias de coisas nojentas, cheias do que nem todo mundo tem estômago para ver.

Nem todos têm olhos para enxergar. Mas quer saber? Um escritor não precisa de plateia, pois ele é um solitário existente e precisa apenas das palavras para ser o que é.

Se não faço isso, minto.