19 de dezembro de 2019

Ao Final

Nessa época o final é evidente, tudo parece mais intenso para que a intensidade logo possa tirar seus dias.

Dias que começam mais tarde, o cedo já não é assim tão cedo, pois as ruas estão vazias. Mas as noites são movimentadas, coloridas, tudo parece estar mais animado.

Percebo que muita coisa já não me interessa. E não estou a falar do interesse daquilo que me agrada, mas do interesse daquilo que não me diz respeito. Nunca disse.

Nem sempre aquilo que me interessa, me interessa. E aprender a conviver com a ideia de que nem tudo convém é libertador...

O poder do agora. O poder de ser o que se é e o sentimento de estar no caminho da plenitude não tem preço, não se compra e não se vende.

Agora sim, consigo ver quebrado o que se quebrou. Agora sim, consigo ver que não há nada onde já não há nada, onde fui eu quem pu o que queria ver.

Ouço as vozes que falam dentro de mim e já nem preciso mais esfregar a lâmpada para ver o gênio.

Sinto minha intuição como uma luz que me guiará para onde tenho que ir, no caminho de ser o que já sou, mas não ainda não tomei para mim.

17 de dezembro de 2019

Ela era luz

Já era noite e estava escuro entre os prédios. A luz da lua se confundia com a iluminação artificial, mas a verdadeira luz vinha dela. Coberta por um vestido listrado, preto e branco, que denunciavam as belas curvas de seu corpo, ela caminhava em direção a portaria.

Seus longos cabelos escorriam por entre os ombros e voavam ao bater no vendo. Ela estava seria, não sorria muito ultimamente. Ela andava sempre a frente de outras duas garotas que acompanhavam seu passos, buscando surfar na sombra da sua segurança.

Já era noite e ela passava mais uma madrugada por aí guiando os outros como se estivesse tudo bem. Como se ela também estivesse bem, mas ninguém sabia. Ninguém via as suas lágrimas porque ela jamais permitiria.

Já era noite e seu brilho ficava opado de dor e seu peito vazio. Seu belo rosto maquiado não permitia que vissem os traços de tristeza que sua alma carregava, mas, com um pouco de atenção era possível enxergar.

Seus passos não tinham planejamento e ela seguia o caminho que sua intuição indicava, seus passos duros a sustentavam por entre o mundo que ela já havia desistido de entender, mas jurou a si mesma que não lhe derrubaria.

Já era noite e a luz dela a mantinha viva, forte e firme. Já era dia e ela escondia o olhar para que ninguém fosse capaz de desvendar suas dores. Pena que eu as conheço.