15 de outubro de 2018

Meu apego

Por vezes é conveniente manter o sofrimento, pois é a desculpa pronta para as frustrações do dia a dia. Já que estou triste, que seja pelo mesmo motivo. Já que estou frustrado, que seja por algo que eu não possa alcançar, mas que não depende de mim.

"A culpa é dos outros"

"A culpa é de quem?"

"Há culpa?"

É conveniente, afinal, ser a vítima, sofrível pelas circunstâncias do destino. Não nos enxergamos e não vemos nossos defeitos, que, iguais nos outros são inaceitáveis!

Ora, que culpa tenho eu de ser um sofredor?

A verdade é que nos apegamos também ao fundo do poço, porque lá a zona é de conforme. O que pode acontecer de pior? Para que me arriscar a ser feliz?

Na verdade, temos medo da luz, temos medo do sucesso, temos medo de dar certo, afinal! Pois por vezes e não poucas, é mais cômodo manter o sofrimento, viver na mesma toada, na mesma nota, na linearidade da tristeza que nos assola.

A culpa não é minha. A culpa é da vida. A culpa é dela. A culpa é da circunstância. Eu estava certo. Eu estava errado. A culpa é dos outros. A culpa é de quem? Há culpa?

O fato é que somos apegados até ao nosso estado mais podre, ao passo que fazemos da nossa pior versão um porto seguro, pois queremos segurança.

E foda-se o sucesso, foda-se a plenitude. Eu não quero dar certo. Eu quero culpá-los e me deixem aqui com essa tristeza, pois já fizemos uma boa amizade.

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