Estou passivo. Não sou flecha.
Sou alvo.
Estou passivo. Não sou navalha.
Sou carne.
Sangro como se não houvesse amanhã, sem parar, até desfalecer.
O sono vem. A noite cai. O sono vai. O dia vem. O sono continua. Estou passivo.
Vejo o dia passar.
Assisti a tudo que se passa na minha frente.
Não há perfume. Não há sabor. Não há cheiro. Não há satisfação em mais nada.
Eu estou passivo.
Não sou o martelo. Sou o prego. Sou o parafuso, rodando, rodando, rodando...
Sem parar.
Eu estou passivo.
Eu fui passado para trás.
Eu estou atrás do que passou.
Eu era a carne e não virei navalha.
Se eu deixar de ser passivo, será perigoso, porque possa ser que, afinal, eu acabe de uma vez com tudo isso.
Mas não hoje, pois estou pacífico.
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