A verdadeira solidão é o espaço imenso que sobra na cama todas as noites. É a falta das mãos dadas e dos abraços durante a madrugada. A sofrível solidão é acordar e não ouvir a respiração de um hipnótico sono e pensar que poderia ficar ali olhando pela eternidade.
Na verdadeira solidão falta gosto, falta tempero, falta sorriso. Todos são exatamente iguais, previsíveis. As mulheres são como limonadas prontas, sem qualquer atrativo diferente. São como junk food, são como...
A verdadeira solidão está no imenso vazio que habita dentro de nós quando as palavras não alcançam mais sentimentos, quando o silêncio é o momento mais confortável do dia.
Passamos a viver no automático, amando sozinho. Passar a amar no automático, vivendo sozinho. Acordar bem cedo, antes do mundo para começar a fazer alguma coisa que faça a diferença. Trabalhamos como nunca. Vivemos como ninguém.
A verdadeira solidão é perceber que todo o tempo não teve aquela intensidade para mais ninguém, além de você mesmo. É perceber que o mundo continuava incólume aos seus mais profundos desejos, embora alguém parecesse estar contigo.
A verdadeira solidão é sentir falta do que sequer se lembra da sua existência. É se sentir triste o tempo todo, mesmo no calor intenso. O sol já não ilumina, ele queima. Suamos. Até que o dia chuvoso resolve aparecer e entre as nuvens algo se parece mais com o que carregamos dentro de nós.
A verdadeira solidão é amar, mas amar sozinho. Amar o que não existe. Amar o que não faz parte da realidade.
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