28 de abril de 2014

Obscuridade

Passando pelo mundo sem ser percebido, ouvindo de tudo... Mas não dando ouvidos. O caminho de um rumo tão procurado está ali posto à sua frente, não é como imaginava, aliás, como se imaginava não há mais nada.

Chegou até aqui despido de si mesmo. Como uma criança abandonada o passado ficou no meio do caminho, sem qualquer amparo. Ora! Reles mortal, mal sabia que naquela criança havia tudo que havia de melhor. Chegou até aqui alheio à verdades, reflexivo nas maldades e analisando a realidade.

As coisas como são ou elas são como deveriam ser?

Cortou os pés da paixão e seguiu o caminho de carona com a razão. Sem grandes emoções, a segurança era a maior aliada. Indo pra lá e pra cá até poder chegar a um lugar de calma e paz, porque tudo que se precisa às vezes é da calmaria de um silêncio.


Não estava inserido no padrão e justamente essa imperfeição que tornou as coisas atraentes, pela primeira vez o roteiro fugira do script. Dali em diante por vezes os pormenores insistiam em se tornar repetidos, mas diante de uma maturidade e desapego tão leves não houve. 

Passando pelo mundo sem ser percebido, ouvindo de tudo... Mas não dando ouvidos. O caminho de um rumo tão procurado está ali posto à sua frente, não é como imaginava, aliás, como se imaginava não há mais nada.

27 de abril de 2014

Só por hoje

Hoje a parte de mim não é ideal. Hoje todas aquelas palavras que foram escritas não servem de nada. Hoje é como um dia que já passou e eu sei muito bem onde é que vão parar essas horas a fio, em uma madrugada fria e vazia.

Os amigos se foram. A liberdade é apenas notícia trazida por quem ainda a possui. Ligue o som, por favor que esse silêncio tá me matando, quando a falta de assunto é tudo que preenche esse lugar me sinto impotente. 

Ei, você, por favor! Poderia passar esse recado pra mim? Diga que eu já fiz demais, além do que imaginava ser capaz. Diga também que cansei e não se esqueça de avisar que não irei mais. Pode falar, não quero mais ouvir porque de argumentos vazios e ofensivos já estou com uma boa coleção. 

Hoje parte de mim é aquela mesma coisa que sempre foi. Hoje a outra parte em que tenho sustentado os dias se escondeu em um lugar bem longe e isolado, onde ninguém será capaz de encontrar, nem eu mesmo. Cheguei a implorar por lágrimas de alívio, mas nem isso vem. Traga pra mim uma nova notícia, ou melhor, não me traga nada. Tudo que quero é paz.

Coloque toda a responsabilidade sob mim ao falar sobre mim, eu poderia até ajudar nessa missão. Muito bem, poderia. 

Ah! Se você pudesse estar aqui agora e ouvir esse som... Eu não precisaria escrever nada, acho que entenderia perfeitamente o que está se passando.

Quero voltar lá, com mais calma, maior e mais preparado. Quero chegar lá o quanto antes, mesmo que isso se torne um pouco demorado. Encontrei o caminho e não há dúvidas do que deve ser feito, mas o meio do caminho é sempre algo tão confuso e rarefeito. Aproveitar a escalada é um ótimo negócio, mas desviar a atenção pode ser fatal. 

Há tempos a outra parte que tenho sustenta os dias porque hoje a maior parte de mim é aquela que sempre foi. Sinto. Minto. Invento uma realidade durável para resistir. Aumente um pouco a música. Obrigado. 

Não.

Não quero ouvir ninguém falando. Já foi feito, não vou me justificar. Não. Não quero ouvir ninguém falando, só me deixe aqui quieto, isso passa. É só hoje, enquanto aquela outra parte de mim não volta. É só hoje, só me deixe aqui quieto, isso passa.

20 de abril de 2014

Como se importasse

Às vezes o sonho é tão real que as mãos acordam fechadas como se ainda segurassem as dela. Vejo os pensamentos chegando de carona nos primeiros raios de sol quando iluminam esse cômodo, abafado.

Hoje o dia não tem nada de produtivo, passa arrastado sob puro efeito de uma noite longa. Já não tem a mesma graça.

Era divertido quando não podia, quando era uma coisa nossa, quando fazíamos na calada das madrugadas. Não é mais. Hoje o dia não foi nada de produtivo, já não tem a mesma graça.

Estamos envoltos em conceitos e idealizações pré determinadas que não praticam um terço do que propõe. Somos o reflexo de tudo o que tentamos nos tornar e principalmente, do que não queremos ser de forma alguma. No final das contas é ridículo sermos qualquer coisa.

O corpo para, mas quem disse que a mente acompanha? Ela não descansa há tempos. Já não tem a mesma graça, hoje o dia se arrasta sob o efeito de uma noite longa.

As brincadeiras são meras partes de nós que não valem a pena serem divulgadas, como se nada fossem. Sabe? A realidade se mostra. O sonho se desgasta. O tempo passa e já não tem a menor graça.

Às vezes parece tão real, mesmo quando as mãos acordam vazias. O que significa abrir os olhos? Já não tem a mesma graça.


16 de abril de 2014

Sobre a simplicidade das coisas

Não gosto de despedidas. Despedidas nem comemorações. Nada me agrada em marcar, sem ser marcante. 

Não gosto das dicas, dadas sem conhecimento ou propriedade nas emoções. Eu gosto da verdade. Mas não é da contada não. A verdade é boa quando vista, sorrindo, olhando e ora, até em uma comemoração.

Eu gosto mesmo é da brisa, o vento que carrega pra cima de nós a terra molhada chuva. Eu gosto do silêncio enquanto se pensa no que foi dito. Eu gosto de repassar as imagens na cabeça e sentir a mesma coisa boa de quando estive por lá.

É bom ver crescimento e evolução em um terreno difícil, com um clima ingrato. É gratificante acordar melhor a cada dia enquanto aprendemos o que é perseverar. 

Não gosto de marcar algo sem que tenha sido marcante.

Logo passa, de temporariedades que somos formados. Logo vastas, tão vastas as ideias pelas quais nos passamos. Logo. Logo, logo se vai. Se foi.

Sem beijos, sem abraços, nem últimos olhares. As coisas se desenrolam assim, sem premeditações, naturais e contraditórias. Engraçado como disse que jamais faria e me peguei, veja, fazendo exatamente. 

As coisas de verdade simplesmente se vão, deixam de estar sem deixar de existir. Elas morrem sem deixar ausência, apenas saudade. Em todo momento os seus pormenores se fazem presentes como se jamais tivessem ido embora.

Eu gosto mesmo é da brisa...

Quando a lua não iluminar mais nossas madrugadas tão vazias, vou me apegar à espera da chuva que está por vir porque eu gosto mesmo é da brisa, do vento que carrega sob nós o cheiro da terra molhada.

É quando sinto a reles mortalidade que se abate sobre mim. É quando pego a tristeza quase com as mãos e a abraço. É quando vejo tudo se esvaindo sem dar sequer um passo. Eu estarei aqui e sei que quando quiserem me encontrar, saberão que eu gosto mesmo é daquela brisa.

13 de abril de 2014

Assim que a casca se quebrou

Escondeu o sorriso em algo que havia dito. Pensou que era melhor se manter calada, para que passassem incólumes sem que a perturbem. 

Sabe como uma criança que recusa outro colo, sem saber explicar a razão? Da mesma forma de quando não conseguimos mensurar ao não fazermos ideia do por que dissemos.

Inteligente é calar uma decepção...

As coisas continuam no tempo e nós nos preocupando com o trabalho do relógio que devia ser o único a se ater a detalhes de horas e dias. Tornamos-nos mais velhos, mas não mais maduros.

Somos jovens... Jovens crianças à procura de sobrevivência, separados pelo próprio lapso de tempo que consagra esse limiar. Somos espíritos perdidos na rua à procura de um lar nos braços de um momento de conforto. De paz.
E se a paz fosse o meio e não o final? E se o final desse meio não fosse necessário? Além de qualquer outra coisa que o pormenor de simplicidade nos preenchesse. 

Temos que nos bastar... Bastar-nos sempre e quando procuramos estar com alguém, estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por necessidade.

Escondeu o sorriso por algo, sem pensar, disse apenas quando a cicatriz doeu sem saber explicar. No fundo acordamos com aquela dúvida de como a situação foi parar naquele lugar.

Tanto faz, é uma resposta típica! Faz transparecer ser indiferente comigo mesmo, não traz a tona meus próprios questionamentos. Não há. Está tudo bem.

Que ela não se cale em seriedade, porque o sorriso é a maior leveza de todo esse mistério. 

Inteligente é calar uma decepção...

4 de abril de 2014

Sobre o controle

Tenho tudo o que preciso. Mais relevante é ter a capacidade de jogar com as cartas em mãos do que esperar, assim, alguma outra servir.

Tenho nas mãos tudo o que entendi, dedicado a ser melhor. Soldado auto de data, me tornei mais forte quando aprendi a mentir.

Tenho nos pés mais do que já torci, do caminhar tão em falso, estradas erradas que cansaram as pernas de tantas voltas.


Eu tenho aqui as mãos tão cansadas, sujas das lavras, marcadas de quando cedi.


Tenho no peito uma dor que assusta, agonia, labuta de um coração a resistir. Nas costas marcadas do peso da estrada que insisto em seguir.

Tenho um laço de sangue derramado que não me deixar partir. Tenho na mágoa a eterna caçada para entender o sorrir. Quando sorrir?

Pulo de ponta no encanto da falha, imperfeição que se espalha enquanto havia tempo de fugir.

Sobrou isso aqui, esperança montada da raça forçada, lembrar que sofri. Estamos de pé, ajoelhados na alma sob a parca vontade de ter controle de mim.

Estou de partida agora. Deixo a casa, o celular, meu nome e meus vícios. Vou atrás de mim mesmo, seguindo qualquer ponto de esperança que ainda vejo, na esperança de ter controle de mim.