11 de abril de 2016

Eutanásia

Calmo, sereno, frio, sentado sob o cadáver de uma personalidade que não existe mais. Galgado pelos degraus da experiência e sofrimento percebe que não há mais nada a dominar, se não a própria mente.

Em trânsito, pequeno, se convence da astúcia da malícia intrínseca às ações, tentando sempre se esvair em multidões de outros seres iguais que tentam ser um pouco assim, diferentes.

É, parece que mudou e não apenas para si, pois aquele si mesmo se acabou e morreu um pouco a cada dia e a cada nota que se tocou, assassinaram a inocência.

Calmo, frio e sereno, melhor tomar cuidado e não engolir o próprio veneno, pois daqueles sem experiência em manipular emanam os piores acidentes.

Um perfume, um perfume tão bom que a mente não deixa esquecer e acaba surgindo no meio da brisa quando em volta só há concreto, em meios aos prédios, caminhando sozinho e não que como dizer que alguém carregava o mesmo aroma porque não havia absolutamente ninguém por ali.

Veja só, de toda essa miscelânea brotou tamanha certeza conformada em uma cega convicção carregada por anos nos ombros sem qualquer reclamação. Era o destino e o caos de todo o seu abrigo, pois conseguia descer e subir daquele morro quantas vezes fosse preciso e jamais esquecera o caminho de volta.

Os olhos viram e perceberam a presença do demônio da fraqueza em que o brilho dos olhos agora era algo turvo e baixo, diante de um sorriso clássico e sarcástico. A mente se perdeu de tanta exposição enquanto o corpo se rebatia na terra pelo tamanho desespero. De quem já havia assistido coisa igual era um pouco de desprezo e dos outros, novatos, desespero.

Tapa na cara e uma luta ferrenha entre a sanidade e loucura tentando trazer de volta um espírito perdido sem ter total discernimento de onde poderia parar. Para o coração, morre em solidão, escondido no mato de uma cachoeira, ali era tão baixo e ninguém percebeu.

Agora se foi ao perceber que afastou e já não há mais proximidade ou segurança e sequer querer de passar por cuidados de outra coisa que não valha a pena escolher. Estar perto. Estar por perto é privilégio de quem tem bem querer, pra valer, fazer o que seja o que for de acontecer.

Pra que entender? Entender: Pra quê. Se vendo o caminho há uma curva e depois encruzilhadas onde o destino dita as regras, mas não impede ninguém de escolher. É isso e só. E isso só. Só.

São lindas as palavras e até tocam, fazem necessária uma reflexão do que é e do que realmente importa, mas não será assim tão certeiro, pois apesar de bonito sobre aquilo que foi pensado tanta coisa bonita já não pode mais haver. Assassinaram a inocência de se submeter.

Há fumaça demais e foi preciso descer ali tão baixo para encontrar e o que havia sido passado era nada mais que um passado de caminhos infectados por escolhas egoístas e burras. Era assim, fumaça sem fogo, depois de tanto tempo.


Calmo, sereno, frio, sentado sob o cadáver de uma personalidade que não existe mais. Galgado pelos degraus da experiência e sofrimento percebe que não há mais nada a dominar, se não a própria mente. Assassinaram a inocência.

Nenhum comentário: