1 de outubro de 2010

Ensaio sob à cegueira

Por tanto tempo esperamos gotas de chuvas para lavar nossa alma e purificar esse ar seco que nos assola frequentemente. Acontece que nem mesmo o costume e adaptação resistiu a tanta rareficidade. Isso mesmo, rareficidade.


O tempo se esvaece em escuridão todo santo dia, dizem que é pela generosidade do sol que esconde toda a sua grandeza para que a lua possa brilhar aos amantes. Quem mais chama atenção é o mais fraco? Talvez seja, talvez não, talvez quem sabe? Dúvidas são mais certas do que as próprias certezas nos tempos de cá.


Muito vêem sentido ondem não há nenhum e é justamente ai que está o sentido das coisas no sense, na liberdade de coerência. Na possibilidade de não ter que prender-se a regra alguma de conduta racional é que há crítica, ideia, ideologia, sentido, fé.


Tentemos melhorar nossa rotina, geração mais saudável, mais saúde. Aos poucos o ócio passa a tomar conta de todo e qualquer atitudes sistemáticas buscando a perfeição, o mundo não contribui para o equilíbrio apesar de necessitá-lo.


O calor aquece mais e mais o que já estava tão frio. Nos encomoda a falta de recursos para nos livrar do que não tem feito bem. E ainda duvidas do destino?


Vamos à cama, cedo. Vamos aos sonhos, tarde demais. Já passou, as horas correram e nada! Levanta-se sem coragem até para mergulhar na inconsciência do sono. Mesmo com os olhos abertos arregalados nada pode ser visto, exatamente nada, precisamente nada, meticulosamente nada.O que fazer? Pensamento mais recorrente do que parece. O que fazer? O silêncio ensurdecedor traz quietude de espírito ao passo que tortura os ouvidos acostumados aos ruídos corriqueiros. Violão. Há essa hora? Que hora? Há hora? Violão. Baixinho. Letra. Susurrada. Tão silenciosa quanto a dor que carregas no peito todos esse anos. Ninguém sabe, quem soube não mais lembra, mas tu, sente. Quanto a isso nada pode ser feito.


Ensaiamos notas e composições para nos livrarmos dessa agonia, mesmo que barulho algum seja reconhecido aqui dentro uma festa está a acontecer.


Ensaiamos todos os dias sob à cegueira, com base na falta de visão, respaudados na ineficiência da ausência de luz futurística, porque o futuro nada mais é que um quarto escuro onde projeta-se e imagina-se estar, rodeado de coisas que acostumamos a querer, queremos tanto que já acreditamos estar lá, estar ali... Sob à cegueira.




@adilsongl


13 comentários:

Unknown disse...

o futuro é imprevisivel, por mais q planejamos neeh

bruno rodriguês. disse...

PUTZ, CURTI MUITO CARA, o design é foda em!

Fabiana disse...

Muito bom (:

As vezes acho que o mundo não poderia ser de outra forma, esse caos aparente esconde uma meticulosidade inexplicável, a trama cuidadosa de inúmeras pessoas perpassando vidas alheias sem a menor cautela, mas em um profundo equilíbrio que mantém tudo funcionando, por mais desestabilizado que as coisas pareçam.

enfim, (:

Anônimo disse...

O título do post é uma referência ao livro do Saramago, não é?

Muito bom, gostei da reflexão, uma viagem interessante, como percorrer a mente de alguém... a sua!

Valeu pela palavras lá no meu Blog, seja sempre bem vindo por lá!


Abraços!

Francorebel.

Jefferson Reis disse...

Pensei que fosse falar sobre a obra de Saramago rs. Muito bom seu texto, me tocou na parte em que fala do violão. Este instrumento para mim representa saudade.

JulieC. disse...

Você escreve muito bem! Adorei o texto, tão original e misterioso. Parabéns pelo blog, sucesso!
Beijinhos!

J! Demarttchelli disse...

Maravilhoso texto, você é muito bom com as palavras. Altamente reflexivo, parabéns :D

Tomaz C Frausino disse...

Catarse me lembra um trecho do Édipo Rei(Fala de Tirésias) que cai como uma luva nesta sua maravilhooosa crônica.
"Ele vê, mas tornar-se-á cego, é rico, e acabará mendigando; seus passos o levarão à terra do exílio, onde tateará o solo com seu bordão."
Muito bom,
Parabéns.

Alexandre Rodrigues disse...

Adorei o texto!!! Parabéns pelo blog. Abraço.

Rodrigo Ferreira disse...

Gostei muito do seu blog

demais Sucesso para seu blog

putz gostei muito do texto

abraço


http://perda-detempo.blogspot.com/

' Aℓℓɑɳ ɗɑѵiɗ disse...

Olá
Estou aqui só para avisar que por eu gostar de seu blog eu coloquei o link dele no meu. Não se importa né?

Anônimo disse...

A magnitude desse texto me tocou. Não te darei parabéns, pois prefiro q meu silêncio, esse q me passou ao ler teu texto, fale tudo.

aivilana disse...

Ah, uma boa analogia com o texto do Saramago.
Acho que o mundo fecha os olhos e deixa com que o conveniente tome conta. Talvez drástico, talvez não.

To seguindo! :)