23 de outubro de 2010

Carta

Grandes acontecimentos nos deixam ansiosos, são poucos os que se mantem indiferentes diante da chegada de tudo isso. Eventos nos deixam curiosos, apreensivos e inseguros, tentamos imaginar se o plano dará certo e se os fatos ocorrerão conforme o necessário, quase sempre não é isso que acontece.


Diante de tanta coisa nos lembramos do que já haviamos deixado de lado mas nos marcou de tal forma que sempre vem à tona de um jeito ou de outro. Se isso é bom? Só sabemos que um pouco de nostalgia e saudade são tão gostosas de serem sentidas, mas o excesso vem para o mal, lei da selva.


Pegamos pensamentos soltos no ar e desejos que não mais estão nos planos pilotos de nossas vidas mas mesmo assim insistem em não exaurir-se de uma vez por todas, a tal da esperança involuntária teima em viver, sobreviver, talvez.


Aquela carta escrita à lapis ainda está guardada em meio aos objetos obsoletos que fazem apenas volume, sabe aquelas coisas que ainda guardamos mas não sabemos ao certo o por quê? Resistem anos sobre anos, resistem às faxinas que fazemos nos documentos, às mudanças, às revoltas, quantas coisas jogadas fora? Quantas vezes leu e releu aquelas poucas palavras, mas únicas e raras?


Palavras... São subestimadas por nós quase todo o tempo por não sabermos o real poder que elas tem, quando colocadas em comparação com atitudes podem até parecer vazias, ou quando tomamos como ponto de partida palavras de sofistas ludibriadores que querem apenas proveito de seus próprios interesses individuais, sim! Com todos os pleonasmos possíveis para elencar o egoísmo.


Palavras... Quem é sábio evita usá-las para direcionar especificamente a alguém, porque as coisas mudam, elas ficam. Os pontos de vista se alteram, as palavras ficam. No dia que elas forem usadas devem ser com objetivo eterno e querendo ou não, você conseguiu eternizá-las apesar das coisas terem mudado, e muito! Hoje, há imagens, há fotos, há saudades, há vozes e aromas, amizades e dores mas a única coisa que ainda pode nos tocar são elas, as palavras, aquelas mesmas escritas há anos atrás com um lapis mal apontado numa folha qualquer.


Mal sabíamos, né? Que essa seria o único elo direto daquilo tudo que planejou-se. É, os planos não costumam sair como o planejado, surpresas essas que nos frustam e nos fazem crescer. E a única coisa que ainda resta a nos tocar são elas, as palavras, aquelas mesmas escritas há anos atrás com um lapis mal apontado numa folha qualquer, ao som... Ao fundo... Ao Mundo!

2 comentários:

Fernando disse...

Adorei

Unknown disse...

muito profundo seu texto;assim como os outros que escreves...
fascinante e verdadeiro.
muito bom!