27 de julho de 2010

Escuridão do ser

Eu sei... Não devo ser a melhor pessoa do mundo, e realmente não sou. Estou aqui totalmente mergulhado em confusões, apenas. Não sei se peço para esquecer, não sei se peço forças para retomar a luta e continuar, não sei se apenas... Agradeço.

Aqui, agora, olhando para cima, está escuro, a luz se foi de qualquer fonte possível. Olho para o alto e nada vejo, tudo sinto, meu corpo, posso senti-lo! Ouço minha própria voz falando sozinha, palavras para alguém ouvir, ou ninguém. É estranho! Elas viajam longo caminho, disso eu sei.

Nessa total escuridão não vejo minuciosamente NADA, porém, é como se pudesse enxergar o próprio vazio, ao ponto de quase tocá-lo, quase! Entendo o meu próprio eu neste momento mesmo não vendo nada. Entendo sim, mas não peça para explicá-lo, eu não saberia. É algo além de mim, de ti.

Já pensastes o que há por trás disso tudo? Será que realmente há uma luz no fim do túnel ou a escuridão da noite é apenas um reflexo do fim, pelo qual não nos interessamos por puro medo?

As peças se movimentam constantemente desde que começamos a pensar, uns são tão safos! Nunca são capturados... Outros vivem nessa eterna busca. Por outro lado há os que se revoltaram, quanto mais certo são mais erros recebem. Chega. Tu me fizeste mal desde aqueles tempos. Chega. Mesmo de longe me perturbas. Basta! Não há mais nada a ser feito, conseguistes quebrar a única coisa que pode manter vida em um sentimento, ainda. Se fosse qualquer outro não seria tão estranho apesar de doloroso, mas tu? Logo tu? Tantas vezes? Chega!

Parei.

Adilson Guimarães
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23 de julho de 2010

Anjos


A hora muda no ponteiro tão veloz que nem percebemos, não obstante podemos ouvir as passadas de segundo a segundo com o martírio de quem espera. Dias vazios sobre dias vazios vão configurando o resumo da nossa existência. Mesmo tentando uma disciplina as coisas não fluem como deveriam, ou melhor, elas não fluem.

Sonhamos, imaginamos e formulamos a concretização de algo tão desejado. É. Esperávamos abraços e ganhamos as costas de tudo que sempre nos permitimos ser. Contenhamo-nos, é mais saudável.

Cada noite vivida acaba por esvaecer-se em uma imensa grandeza de solidão e no barulho ensurdecedor do silêncio. Ah! Como ele sabe como nos fazer gritar loucamente de dor, por um socorro que nem se sabe de onde possa vir. Olha-se, vê-se água por todos os lados, estamos à deriva. Estamos juntos e ao mesmo tempo tão separados pelo medo de novas decepções.

Fomos derrubados inúmeras vezes por quem já era de se esperar, por fraqueza. Mais algumas outras por quem tinhamos como porto seguro, por amor. Caíamos, perdoáva-mos, caíamos, continuávamos, caíamos, levantáva-mos. Já nem sentimos tanto, falta prantos de tanto que já foram derramados.

Cá estamos, perdidos, desiludidos, mas felizes ou... apenas fingindo estarmos para nos enganarmos. Compara-te, não vês justiça alguma no desenrolar das histórias, pois onde está a justiça de teus feitos? Onde está? Ela existe realmente ou é só isso, apenas isso? Nossas crenças não mais valem de nada, entremos no jogo. Entremos todos no jogo! Me recuso a acreditar nisso. Não pode ser.

Todavia, quando tudo parece perdido anjos nos encontram, sempre. Eles aparecem pra nos trazer esperança, nos fazem esperança, e nos arrancam sorrisos com toda sua sofisticada simplicidade. Oras! Eu já não lhe conheço? Tenho a nítida impressão que sim. Deve ser de outros tempos, daqueles onde tu não eras quem és. Relativize-se! Quem tu és para tua mãe? Quem tu és para teu fiél amigo? Quem tu és para mim? Quem tu és pra ti mesmo? Quem tu és...?

Naquela noite onde mais nada já poderia trazer encanto eis que vejo, do nada, um sorriso. Brincava! Como se fosse uma pequena criança, sem nenhuma preocupação. Doce ilusão, por trás daqueles sorrisos encantadores havia uma história tão densa, havia um sofrimento sem tamanho sim! Vi sua face mudar quando tua lembrança vestiu-lhe de saudade, daquelas que eu não saberia descrever, é restrita a quem convive com ela. Nossa... Recitei, eu recitei algo que adorava ler e me arrepiei como nunca antes. Havia mais alguém nos observando. Os olhos se encheram d'água, era nossa alma pedindo liberdade de tudo aquilo que tem nos prendido há tanto tempo. Seu rosto tão lindo, igualzinho aquele retrato de alguns tantos anos atrás não revelam nem de perto o tamanho da cicatriz. Sejamos gratos a isso, aos anjos.

Eles vem para nos salvar dos pequenos segundos de sofrimento sentidos a cada tic-tac. Que essa intensidade seja sempre lembrada com um sorriso igual a um dos que me arrancaste singelamente, mesmo que essa tenha sido a única vez.


Texto dedicado a menina mulher mais bacana de todos os tempos: http://samanthajls.blogspot.com/ - Samantha Sousa.


Adilson Guimarães

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19 de julho de 2010

Nostalgia

Há um vazio, incrível! Existe um hiato deixado por nossa memória através dos tempos... Tanta coisa que passa a ser incorporada involuntariamente mais algumas migalhas de saudade que já fazem parte do nosso ser nos orienta a estar como temos sido. Como é incrível o tanto de informação que deixamos de lado como se realmente tivesse sido apenas um sonho em uma noite mal dormida.
De tantas coisas e superstições que ai estão, uma delas é bem verdade. Quando o dia começa mal, prepare-se! Dito e feito. Eu não me preparei, acho que ainda não aprendi a estar preparado como outrora havia pensado estar.
Deixa, deixa o blues soar nos meus ouvidos, me deixe em paz, deixe-me escrever e chorar lágrimas secas de saudade sentindo esse vazio que me consome. Por favor. Deixe-me.
Só quero pedir a quem for força para não cair no buraco dos sentidos, pois nesse não há razão que faça-me elevar.
E como um prédio explodindo estão os pensamentos no mesmo ritmo marcado do piano. A voz vem de dentro como se fosse o chão cedendo e subindo sem rumo, ao infinito.
Dai-me um sorriso quando eu mais estiver distraído e quando eu menos merecer... um abraço. Por favor. Deixe-me.

Adilson Guimarães
www.twitter.com/adilsongl

Sentir é uma tragédia


O que define sentimento? Não me atreveria a defini-lo. Desde o inicio dos tempos, antes de fogo, roda, escrita, dinheiro e todos os avanços da espécie humana, sente-se. É algo inexplicável, confuso, hora nos leva aos céus outrora na direcção contrária. Escrevemos, cantamos, falamos, olhamos, gritamos, sorrimos, choramos, odiamos e conjugamos na primeira pessoa do plural por uma única motivação e por tais derivações somos motivados a agir. Agimos por algo, planejamos vinganças, planejamos felicidade, planejamos descanso, é bem claro que quase sempre os planos ficam por ai mesmo, muito embora sejam importantes para o desemboque no presente.
É por sentir que nos decepcionamos e por não sentir que nos surpreendemos. Há quem sinta alguém de longe, há quem sinta uma mensagem na letra da música, há quem sinta nas palavras do poeta, há quem sinta no luar, há quem sinta na saudade e há quem sinta no medo. Há quem se sinta por ter coragem, há quem se sinta por ter dinheiro, há quem sinta desprezo. Seria vaga, como são, uma teoria em face do sentir, nada além do que vi, do que vimos.
Então, quem nunca olhou pro céu azul abraçado por uma leve brisa e sentiu sua beleza? Quem nunca recebeu um tratamento mais do que comum e sentiu uma raiva descomunal mas logo surpreendeu-se com sua própria hipocrisia? Quem nunca odiou de tanto amar?
Foge a razão, paga-se com emoção e por ela. Perde-se o ar, dificuldade de falar, de pensar. Olhe, conjugue-se... Seus verbos estão da maneira que gostaria que fossem? Dificilmente.
Norte, Sul, Leste, Oeste. Seja qual for a direcção, etnia ou ambição. O sentimento fala a mesma língua e chega muito perto de ser traduzido no olhar e principalmente no sorriso. E se estiver triste, não importa. A tristeza também deve ser sentida até o final, nos traz muitos ensinamentos e inspirações, questão de paciência. Não é engraçado, mas quem disse que o que não é engraçado é necessariamente ruim? Sentir é uma tragédia, trágica mesmo, complexa e misteriosa.

16 de julho de 2010

Não Subestime Seus Inimigos

Não se sabe mais o que se quer, nem o que se gosta, muito menos o que se é. Talvez apenas saibamos o que não nos agrada. O transcorrer da história, da nossa história, nos ilude quase sempre. Pessoas frias e duras revelam-se ao passo dos acontecimentos que abalam, abatem, distratam e matam. Sim! Várias personalidades foram cruelmente dizimadas por força das circunstâncias.
O ódio se faz companheiro da solidão quando o isolamento passa a ser a única solução viável para esse mundo de pessoas que querem mostrar que são mais fortes ou independentes, machucando. Essa busca incessante pelo poder acarreta uma guerra de valores ou até mesmo, quem sabe, o digladiar-se dos "sem valor".
É tudo tão subjetivo, tão sentimental, que passamos até por loucos ou estressados quando nos propomos a discutir esse tema, até mesmo porque não há como não se indignar com o que pode ser visto ao questionar esse tipo de comportamento, uma selvageria sem tamanho.
Está tudo distorcido, está tudo errado. O que não é certo, o que não faz bem, passou a ser arte. Justiça? Honestidade? Amor? Valores? Isso tudo é ultrapassado, os tempos são outros, ou apenas tempos mais propícios a sacanagem. Vai saber.
Foi-se o tempo que sentir saudade era nobre e que família seria seu porto seguro, encontram-se por ai despretensiosamente, amigos mais leais do que parentes, do que pais. É bem verdade que transformar amigo em família é mais fácil do que transformar família em amigos, e quando o mais raro acontece a força é surpreendente.
Ao passar por tanta coisa, por vezes acreditamos que estamos fortes em tal proporção que nada mais irá nos atingir. Errado! Sempre haverá uma novidade, creia nisso. É um fato!
É passível de nojo fazer parte desse sistema podre como se fosse natural. Para quem sente algo parecido sabe que nenhuma palavra é capaz de expressar tamanha repulsa. Por isso não há mais nada a ser dito, porém, muito a ser sentido. Jamais estaremos fortes o bastante para passarmos neutros por todas as situações em que formos colocados. Não subestime seus inimigos. Não subestime seus amigos, também.

Adilson Guimarães
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13 de julho de 2010

Aprendendo a estar preparado.


Não importa o quão forte seja, você sentirá fraqueza. Não importa o quão corajoso você seja, sentirás medo. Não importa o quanto de sabedoria desenvolveu e experiência acumulou, sempre haverá uma grande novidade que o fará sentir-se como uma criança perdida dos pais. Pois o sucesso da vida consiste em lidar com o novo como se antigo fosse, com a propriedade de quem já viu o mesmo filme mais de uma vez.


Adilson Guimarães
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5 de julho de 2010

Se Deus quiser, apenas?

Vivemos dias dificíeis onde as oportunidades estão cada vez mais escassas através do simples mérito, além disso é preciso realmente um pouco mais de contatos e a tão famosa sorte para conseguirmos algo que almejamos, seja qual for o segmento. Muitos dizem que nossas vontades nem sempre são atendidas por não estarem predestinadas a serem, destino, vontade divina? Não se sabe ao certo. Por outro lado há os que defendem a competência pura e simples como fator determinante ao sucesso ou ao fracasso, caso faltem.
O fato é que os homens tem uma tendência incrível de apoiar-se em tudo o que for possível para justificar seus erros, e quando muito raro, agradecer suas conquistas. Por si só esse costume não é mal, o ruim é quando começam as banalizações. As pessoas se apoiam tanto, que acabam por vezes a mascarar-se, proteger-se de uma forma um tanto covarde atrás dessas coisas.
Como dizia o velho poeta: Não adianta olhar pro céu com muita fé e pouca luta. Esquecem que o destino favorece, os Deuses permitem, a natureza proporciona, as energias direcionam, Deus ajuda QUEM TRABALHA! Porque quem fica esperando cair do céu, no máximo recebe pedras de granizo na cabeça.
A fé é importante? claro! A crença em algo conforta, ajuda? evidente. É necessário para a sobrevivência? Para a esmagadora maioria sim. O que não se pode fazer é banalizar e culpá-los por todos os acontecimentos sem reconhecer a própria ignorância e parcela de responsabilidade sobre as consequências das atitudes tomadas, por NÓS.
Entenda-se que influências de outras forças são possíveis, já houveram provas contundentes disso. O que não pode ser feito e muito menos aceito é essa prática absurda e desrespeitosa de fugir das responsabilidades. Assumamos as consequências com a mesma propriedade com que as causamos. Se Deus quiser, apenas?

Adilson Guimarães
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1 de julho de 2010

Passado Presente

Quando em tudo o que se faz pretende-se buscar o que não mais existe, há algo de errado. No telefonema do cobrador se quer ouvir aquela voz. Na carta convite se quer ler aquela letra. Nas palavras do livro que há meses vem sendo lido, migalha por migalha, só se consegue ler um nome. A cada película o sono toma conta inexplicavelmente para assim não permitir que outra realidade seja vivida enquanto acompanhamos a trama. Todos os pensamentos e imaginações mirabolantes, ao final, acabam com a mesma imagem. Não! isso não é mais novidade alguma...

Aos amigos só resta dizer que está tudo bem, e aos familiares que uma hora tudo vai se resolver! Porém, de verdade, sabe-se que nada disso acontecerá por si só, muito embora o desejo de acreditar nisso seja incomensurávelmente necessário para uma certa tranquilidade. Quem vive uma vida questionadora, uma realidade crítica não tem tanto conforto quanto poderia. Poderia quem sabe apegar-se a um credo, a um gosto ou a uma prática, para concentrar todos os esforços e preocupações, mas seria em vão caso a verdade não estivesse presente, e geralmente... ela não está.

Por mais que a tentativa de ser indiferente a tudo isso seja constante, o fracasso à define. E dizem que o passado não leva ninguém a lugar nenhum e que o presente é um "presente" da vida. aah! dizem isso porque o passado nunca as teve como morada.


Adilson Guimarães
www.twitter.com/adilsongl