Uma arma munida da bala que atravessa a cabeça e leva junto todos os anseios e desejos. É o breve fim antecipado de dores e sofrimentos profundos, transformando crises existenciais em um mero laudo cadavérico.
Em sonho o tiro é certeiro quando entra pela têmpora e acaba por sair pela cabeça, com o projétil deflagrado, bem como todos os projetos frustrados.
Todo enforço em vão transforma aquele espaço em um vão sem encaixe ou visão, qualquer que seja a direção.
Em vão foram as noites perdidas, as palavras lidas, os problemas resolvidos, os destinos desprendidos.
Em vão foi a lágrima, foi o sorriso, foi o abraço e o companheirismo porque agora, logo agora tudo se resume a apenas um tiro.
No fim da vida de um martírio, onde a única real intenção era viver em paz, acabou, morrer em paz de repente passou a ser uma solução bem mais prática.
Afinal, pra que chorar em vão, sorrir em vão, tudo tacabou. Puxou o gatilho e não há mais nada, tudo se transformou em fim. O fim é o derradeiro, é o cessar das dores de acordar.
Agora ninguém acordará mais, seria apenas um retrato com a lembrança de quem fomos, e quando não houver foto alguma, durará o tempo que a memória permitir, pois o coração mesmo já não sente mais nada.
Uma arma munida da bala que atravessa a cabeça e leva junto todos os anseios e desejos. É o breve fim antecipado de dores e sofrimentos profundos, transformando crises existenciais em um mero laudo cadavérico.
Abrace o corpo sem vida porque a alma já o abandonou. Foi o fim anunciado internamente tornando um grande nada a cadeia de coincidências que pareciam o centro do mundo. Mas o mundo segue e o centro agora é qualquer outro moribundo.
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