A vida é sutil, mas incisiva e justa. Não há uma folha caída sem razão, pois tudo teve uma causa. O efeito não é resultado do acaso jogado a esmo vindo do céu. O efeito é consequência de atitudes, circunstâncias, condutas e do nosso próprio fel.
A gente cai e por vezes se defende sentando no lugar que as vítimas ocupam, clamando pela piedade de desconhecidos, se escondendo por detrás das vestes de um coitado para que não sejamos julgados, como um réu.
Mas não adianta insistir. Não adianta desistir. A vida passará como uma onda e quem não estiver preparado irá se afogar. O tempo continua seu curso, sem parar. O curso continua seu caminho, sem parar. Sem parar é como a vida não para de caminhar.
Nos apegamos fácil ao que nos faz sentir melhor, o que nos tira a impressão das mazelas que carregamos. Porque lidar com isso dói. Porque acordar arde os olhos, embrulha o estômago. Porque perceber, de fato, a realidade, nos torna duros demais e responsáveis, conscientes, sem desculpas para dar.
Mas nós queremos a desculpa da ignorância. É mais fácil dizer que não sabia, que não teria como prever. Que não nos contaram. Que não nos ensinaram a viver. Por vezes, ela, a vida, arranca de nós nossos brinquedos para que percebamos que não precisamos mais brincar.
Me diz, aonde isso tudo vai parar? Aonde você quiser chegar. Vivemos em intensos loops e nos apegamos à coisas e pessoas para suprir o vazio que carregamos todos os dias. Para não lembrar que nos falta algo. Para nos lembrar de que alguém foi embora e não se importou. Para nos lembrar que você decidiu ir embora e ninguém notou. O que é que há?
A vida ensina de maneira suave, sutil. A vida mostra o caminho, mas a gente não enxerga e quando finalmente vê, fecha os olhos. A vida te dá uma porrada para você largar de ser tão irredutível, a vida te tira coisas, te leva para o desconforto para você levantar e sair.
Mas não adianta, né? A gente continua pisando na lama, com os pés descalços. A gente continua seguindo o mesmo caminho, mesmo sabendo que a rua é sem saída. A gente machuca as mãos de tanto segurar o que já deveria ter ido. A gente insiste em ser o que não é e a vida, calmamente, nos derruba, de cara no chão. Diz: Quero ver você sair daqui!
Por vezes, no chão, sem força, chorando, a vida arranca os nossos brinquedos para que percebamos que não precisamos mais brincar com eles e para que, finalmente, entendamos que deitar na cama das vítimas é só mais um jeito de se atrasar.
Na maioria das vezes, o que dói é o que a vida tira de nós para que entendamos de uma vez por todas que não precisamos mais daquilo, mas é isso né, não adianta avisar.
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