Eu quero te fumar e jogar as tuas cinzas no chão. Quero lhe tragar e ao mesmo tempo que marco meus pulmões com partes de você, te dissipar como fumaça.
Eu quero sentir o cheiro da fumaça de ti até que ela desapareça. Até que o vento leve. Até que reste só o resto e este fique no chão, sem servir para mais nada.
Eu quero tragar a saudade com a força que faça com que meu corpo estremeça e a cabeça gire, até nunca mais.
E enquanto eu tento me livrar do vício de fumar o que sobrou de você procurarei outra coisa para me viciar...
E quando eu não puder mais tragar a tua fumaça e quando eu não puder mais me acalmar com a tua substância tóxica dentro de mim, até a fumaça terá ido embora.
Eu terei ido embora. Mas vez ou outra, em um dia estranho, tragarei mais um pouco de ti para preencher o vazio que carrego no peito com a fumaça de quem já não existe mais.
E nesse dia, como sempre, marcarei meus pulmões com o resto das dores que ainda lembro e o resto partirá como parte a fumaça que o vento leva.
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