Me ensine a não ter pressa em querer que tudo chegue em
breve, mesmo sem ver o tempo passar. A gente anseio tanto que aconteça, tanto
que chegue, tanto que seja, que acaba nem percebendo as horas se esvaírem.
E dizem para tomarmos cuidado com os nossos desejos porque
eles podem se realizar; de tanto querer apressar, o tempo voa e voa para chegar
e rasante ele passa sem se permitir enxergar.
No final das contas, a mesma velocidade que chega, que se
conquista, que se agarra, é a mesma que se vai. Vem fácil, vai fácil. Vem
rápido, já foi. Ninguém viu. Ninguém sentiu. Quem se omitiu?
Me ensine a não ter tanta pressa e saber esperar sentindo
cada troca de segundo do ponteiro, sem agonia. Que a dor da espera não me
encontre, pois estarei ocupado percebendo a ação do tempo em mim mesmo.
Enquanto ele passa eu mudo. Enquanto ele muda, eu passo
junto. Enquanto me transformo em outro, o rio passa. Enquanto mergulho a água
já é outra. Tudo muda. O tempo vai e não volta. Eu vou, mas volto.
Quantas vezes não nos pegamos errando de novo, do mesmo
jeito, anos depois? Quantas vezes acreditamos piamente que mudamos, que não
erraremos mais e então, no final, nos vemos em meio ao mesmo dilema?
O tempo é rei, de verdade. Ele mostra que a gente não tem o
controle de nada. O tempo passa e mostra, quando finalmente conseguimos
enxergar, que a mudança parte de dentro, independentemente do tempo.
Uns levam mais. Uns levam menos. Uns não mudam nunca. Outros
sequer reconhecemos. E ficar parado também é uma escolha, por isso não precisa
agonizar-se com a demora ou o voo do tempo, faça o que tiver que ser feito, do
seu jeito, pois o tempo... Ah, ele
passará de qualquer maneira.
De qualquer maneira ele se esvairá e no final não fará
diferença se foram 10 ou 50 anos, mas sim se valeu a pena passar por ele. No
final das contas, o que importa é o caminho e todas as coisas que conseguimos
extrair disso.
Enquanto ele passa eu mudo. Enquanto ele muda, eu passo
junto. Enquanto me transformo em outro, o rio passa. Enquanto mergulho a água
já é outra. Tudo muda. O tempo vai e não volta. Eu vou, mas, por vezes – e
quantas vezes! eu volto.
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