5 de junho de 2014

Ela

Como uma criança ela disse que nem sentia, mal sabia o que dizia. Como uma criança reagiria? Aquele sorriso desconcertante, sincero. Quando acaba de fazer uma besteira - diga-me - quem consegue se preencher de cólera diante de um desses?

Como uma criança, ela falava cheia de propriedade, tinha certeza de que não fazia a menor ideia. Não ousaria corrigir. Só concordo, esperando ela sorrir. 

Transforma o dia cinza em um quadro, as nossas cicatrizes emolduram aquela imagem. Há um coração ali, perdido cheio de razão. Ela se cala sim e se irrita quando acerto, diz que não.

Como uma criança ela olha ao invés de pedir. Ela clama, sem abrir a boca. Por que dizer o que está na cara? Beira o absurdo ter que gritar o que tá pintado em nosso horizonte.

Ela é mesmo como uma criança que encanta o ambiente quando faz bico e vira a cara pra gente. Vestida de mulher para enganar os medíocres. Como uma criança ela disse que não sentia, que mal sabia o que dizia.

Nenhum comentário: