28 de dezembro de 2015

Amargura

Ainda sinto o gosto amargo do uísque em minha boca seca. O gosto amargo daquele destilado barato em minha boca.


Meus olhos tentam olhares diferentes, desesperadamente montar as formas que façam algum sentido para entender o mundo em imagens. Frustrante.

Um homem de tão pouca fé, ajoelhado pelas consequências, prefere levantar esse corpo fétido e trabalhar. Tentar viver nessa carcaça em frangalhos.

Mais cicatrizes tatuam o corpo, guardo vários no bolso juntos das chaves de casa. Essas marcas contam uma história obscura que o silêncio faz questão de calar. 

Mimado! Egoísta! Soberbo!

São tantos rótulos, imagina se fizesse questão de explicar?

Enquanto isso um dia segue o outro na já tão conhecida ditadura do tempo, que não se importa com nada. E eu aqui, me importando com o tempo. 

Com quanto silêncio se explica uma dor absurda?

Ainda posso sentir o gosto amargo do uísque em minha boca seca. O gosto amargo daquele destilado barato em minha boca.

Um comentário:

Hospício Temporário disse...

Doloroso em cada frase. E me atinge, me chacoalha, me provoca. Parabéns!
Abraços.