Tire-me desse lugar. Não quero
mais ficar aqui, saber onde começa e como termina cada andar. Quero sair daqui,
desse lugar. O clima frio, olhos baixos e o corpo cansado, me tirem daqui.
Todos os semblantes perdidos esperando a cura, acreditando no milagre das coisas mais simples. Que loucura!
Abrir os olhos é uma aventura um tanto quanto comemorada. Lá se foi toda a força, todo o poder, autonomia. Não
somos mais os mesmos.
Procuram alguma
coisa para olhar e esquecer o que têm entendido, constantemente. Os sorrisos
trancados, os abraços travados, um segurando o outro, mas todos beirando desmoronar.
O que somos nós? O que seremos de
nós?
Resistir é a maior lição. Resolver as próprias mazelas por si só, dentro de si e só. Os
dias passam e se arrastam, envelhecemos anos em semanas. Apegamos-nos enquanto
tentamos fazer dar certo, enquanto queremos ser alguma coisa que seja útil, que
seja... Alguma coisa.
Sua cama vazia. Não o reconheço
mais em seu próprio rosto. Sua feição é incomum a mim, comum ao mundo. Onde estão as palavras que
sempre disseram tanto? O legado está aí ao mesmo tempo em que outras coisas
estão indo embora. Não sei se sinto mais por quem se vai ou por quem fica.
Todos os rostos cansados em busca
da cura, é nessas horas que vemos o quanto tudo que acreditam não serve pra
nada. Somos o que podemos ser. Somos o que devemos ser. Somos o que precisamos
ser. Somos o que somos em nós mesmos, por mais que busquemos em outras coisas,
nada faz sentido além de nós.
Olhos fechados, sorrisos
rasos se encontram. Olhares quase falam. Pedimos ajuda,
pedimos calmaria. Quanto peso nessas costas, quanta paz que eu queria.
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