29 de julho de 2014

A Cura

Tire-me desse lugar. Não quero mais ficar aqui, saber onde começa e como termina cada andar. Quero sair daqui, desse lugar. O clima frio, olhos baixos e o corpo cansado, me tirem daqui.

Todos os semblantes perdidos esperando a cura, acreditando no milagre das coisas mais simples. Que loucura! Abrir os olhos é uma aventura um tanto quanto comemorada. Lá se foi  toda a força, todo o poder, autonomia. Não somos mais os mesmos.

Procuram alguma coisa para olhar e esquecer o que têm entendido, constantemente. Os sorrisos trancados, os abraços travados, um segurando o outro, mas todos beirando desmoronar.

O que somos nós? O que seremos de nós?

Resistir é a maior lição. Resolver as próprias mazelas por si só, dentro de si e só. Os dias passam e se arrastam, envelhecemos anos em semanas. Apegamos-nos enquanto tentamos fazer dar certo, enquanto queremos ser alguma coisa que seja útil, que seja... Alguma coisa.

Sua cama vazia. Não o reconheço mais em seu próprio rosto. Sua feição é incomum a mim, comum ao mundo. Onde estão as palavras que sempre disseram tanto? O legado está aí ao mesmo tempo em que outras coisas estão indo embora. Não sei se sinto mais por quem se vai ou por quem fica.

Todos os rostos cansados em busca da cura, é nessas horas que vemos o quanto tudo que acreditam não serve pra nada. Somos o que podemos ser. Somos o que devemos ser. Somos o que precisamos ser. Somos o que somos em nós mesmos, por mais que busquemos em outras coisas, nada faz sentido além de nós.

Olhos fechados, sorrisos rasos se encontram. Olhares quase falam. Pedimos ajuda, pedimos calmaria. Quanto peso nessas costas, quanta paz que eu queria. 

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