23 de dezembro de 2013

Platônizando

Há quem tenha o tom de tornar possível reviver momentos bons com apenas singelas palavras. Há quem lhe faça sentir vontade de fazer aquilo que já tinha caído no esquecimento. Há quem com uma hora tenha lhe dito coisas mais lindas que outras que conhece praticamente a vida inteira.

A partir de mim mesmo lembrei o que gostava de dizer e guardava, rabiscado em um pedaço de papel qualquer espalhado pela sala. Gosto das horas que passam devagar e do barulho que o ponteiro do relógio faz enquanto me lembro o tanto de coisas que gosto de ser e já esqueci do que se trata.

Fico aqui, analisando a minha volta todas as possibilidades e o vazio que se perfaz em tudo. Me pergunto: O que falta? E a resposta parece estar tão longe. Quem sabe um dia eu não a encontre? Dia após noite, nos atropelos da cidade as coisas se transformam em tudo aquilo que nunca passou pela imaginação. Nós nos viramos como podemos. Nos fantasiamos de felizes cidadãos poderoso e completos para passar despercebido pela dor que arranha.

Quem foi que disse que a luz é que traz a salvação se eu me sinto muito melhor nesse escuro? Aqui não preciso parecer nada, fazer nada, ser nada. Assim sou apenas o que sinto. O que ouço e quando quero ouvir. Aqui eu apenas respiro e me lembro. Enquanto me lembro o meu corpo trabalha lentamente para me manter calmo, como a mente que fosse da redoma do cotidiano.

Ah, confesso que quis você por perto diversas vezes para lhe mostrar os pormenores de tudo o que digo. Era ali, nas cartas que nunca escrevi que penso conseguir colocar um pouquinho de mim, perto de ti. E de todas as brincadeiras, nunca houve uma intenção tão sincera de tratar tudo com mais seriedade.

Ficar esperando as borboletas chegarem ao jardim nem sempre é o melhor plano. Um dia as coisas todas se cansam de estar como estão e na maior das atitudes loucas precisamos correr atrás do que nos encanta e cativa.

Incólume aos acontecimentos presentes andando com o passado preso aos tornozelos vamos seguindo em frente. Passaríamos por tantas coisas que seria até engraçado ler qualquer coisa parecida depois, porque diversas vezes me peguei pensando: Caramba! E se a correspondência for um sinal da loucura, dizendo serenamente pra sanidade tomar uma atitude mais segura e ir lá, buscar o que deve?

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