Me atraso todos os dias, preso aos meus próprios erros. Abraço meu equívocos enquanto me apego a dor que carrego no peito, pois ela mantém vivo o que não existe mais dentro de mim.
Meus vícios tomam conta do meu corpo como se fossem o próprio alimento, ao passo que bebo das coisas que me fazem mal todos os dias, como se não fossem verdadeiros venenos.
Me mantenho longe, cada vez mais longe do que se aproxima porque não quero mais estar exposto. Mas estou exposto por conta das minhas péssimas escolhas de todos os dias.
Mais uma vez, errei da mesma forma que, ontem, jurei que não faria. Mais uma vez, disse o que não jurei que não diria. Mais uma vez, estive onde jurei que não poria mais os pés e agora me vejo aqui, mais uma vez, de joelhos, cedido aos meus desejos mais vis.
Me atraso todos os dias planejando os novos hábitos e falho miseravelmente, pois estou habituado a ser eu mesmo. Nada demais.
Me atraso todos os dias esperando ouvir o que gostaria que fosse dito, mas não saberei jamais.
Me atraso todos os dias tentando me manter de pé e as pernas doem ao subir as escadas, o corpo dói ao levantar, a alma dói no silêncio e o coração dói todas as noites, quando me pego no meio daquela multidão vazia. O que estou fazendo aqui, afinal?
Me pergunto, com quanto dinheiro se compra um pouco de paz?
Me atraso todos os dias tentando entender o que estou fazendo aqui, quanto me alimento dos meus equívocos, bebo das minhas frustrações e me mantenho firme, pois já não há mais nada que seja capaz de fazê-lo, por mim...