5 de novembro de 2013

Cansaço


Destaco o cansaço que há aqui, se esforça para percorrer cada parte do corpo e doer. Desfaço qualquer momento de não sentir, para competir o tempo todo com o mundo.


Os olhos tendem a fechar enquanto as dores tentam impedir, fica difícil relaxar, descansar. Não quero mais nada. Não foi isso que pedi.

Como um lobo solitário que acabou de saborear uma caça, pouso meu corpo na primeira árvore e sombra que encontrar. E minh'alma assiste a tudo calada sem me ver partir.

Me sinto bem com o nada de despreocupação acentuada, descuidada e negligênte. Tudo o que passa por aqui, as vezes só passa e nem se dá conta da gente.

Onde resgatar as forças sem saber se as perdi, quem sabe nunca as tive e fora só me arrastando que chegaria até aqui. Um tempo bom, a solidão e a sobriedade que me castiga. Certeza e consciência de um louco.

Enquanto não chegar, aqui é o melhor lugar, confuso entre as nuvens que nublam o céu sob esse aroma de terra molhada. Curtindo um cansaço que é quase um irmão que acompanha cada ação e torna mais propícias as omissões. Aqui é o melhor lugar.

Já dizia F. Pessoa: "Há um cansaço de inteligência abstrata, e é o mais horroroso dos cansaços. Não pesa como um cansaço do corpo, nem inquieta como o cansaço do conhecimento e da emoção. É um peso da consciência do mundo, um não poder respirar da alma."



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