Lá vem ela, na sombra de quem foi um dia
Na época que não se conhecia e quando o corpo limitava o seu alcance
Ela ia apenas até onde seu braço alcançava e aonde os seus olhos viam
Até que acordou
De tanta dor, perdida e entorpecida, despertou
Percebeu que as dores eram parte de si e não apenas em si, ela acordou
Agora vem ela caminhando a passos firmes, com o queixo alto e o olhar firme
A postura ereta denuncia que o seu corpo segue sua mente e reflete o seu espírito
Assim como aquele pequeno mamífero que a acompanha, com passos lentos e precisos
O animal de focinho pontiagudo com a cauda longe e espessa, no mais puro silêncio e olhar penentrante é o seu guardião
O selvagem e o doméstico se misturam, como o mais belo caos, como o mais intrigante paradoxo sob patas e sob pernas
Lá vem ela, muito maior e mais forte do que qualquer sombra que um dia atrapalhou sua luz
Lá vem ela a caminhar além dos passos das pernas e a enxergar além de um simples olhar, pois agora ela vê de olhos fechados
Seus passos flutuantes dão a direção do caminho correto
Ela acordou, despertou e agora caminha por aí lidando com o sono alheio, tornando as ideias concretas
Aplicadas em palavras e executadas em ações
Vez que curar é o seu caminho, na companhia de sua guardiã de todos os dias e noites
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