5 de abril de 2019

Escritos

Minhas palavras não são ilusões, não são utopias. Escrevo o que eu sei ou acho que sei. Escrevo o que vejo e como vejo. Percebo que nem tudo que vejo, escrevo. Nem tudo que escrevo, vejo, mas sinto.

Não são realidades montadas as palavras que saem de mim e encontram o papel. São parte do que sou, por isso nunca me senti aliviado escrevendo. Não é meu escape, não é minha imaginação. São meus pensamentos e quando eu digo algo diferente disso, minto.

Se minhas palavras fossem algo de mim não seriam meus desejos, nem meus sonhos, seriam as minhas tripas. Seriam a parte mais intrínseca a mim e menos bonitas de serem mostradas. Quando escrevo não encontro a paz, porque as palavras são o resultado do meu caos. O que escrevo são as palavras de alguma coisa que urge em mim derramadas no papel, como uma folha suja e molhada de vinho tinto.

Muitas coisas passam dentro de mim e eu penso em textos, imagina em palavras, organizo em rimas, mas nem sempre escrevo. Na verdade, quase nunca. Há muito parei de escrever com regularidade, o que não demonstra a regularidade com que as coisas passam e perpassam na minha cabeça. É puro instinto.

Quando escrevo é como se eu estivesse completo. Não que as minhas palavras me completem, mas quando elas nascem são a parte que falta ser mostrada de mim. Eu sou um poeta frustrado, um escritor escondido no porão. Eu sou a parte mais nobre que alguém pode mostrar da parte mais vil que se pode carregar e quando não o faço, vou caindo... 

Caindo...

Se minhas palavras fossem uma parte de mim, definitivamente, seriam as tripas que estão sujas, cheias de restos, cheias de coisas nojentas, cheias do que nem todo mundo tem estômago para ver.

Nem todos têm olhos para enxergar. Mas quer saber? Um escritor não precisa de plateia, pois ele é um solitário existente e precisa apenas das palavras para ser o que é.

Se não faço isso, minto.

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