28 de dezembro de 2015

Amargura

Ainda sinto o gosto amargo do uísque em minha boca seca. O gosto amargo daquele destilado barato em minha boca.


Meus olhos tentam olhares diferentes, desesperadamente montar as formas que façam algum sentido para entender o mundo em imagens. Frustrante.

Um homem de tão pouca fé, ajoelhado pelas consequências, prefere levantar esse corpo fétido e trabalhar. Tentar viver nessa carcaça em frangalhos.

Mais cicatrizes tatuam o corpo, guardo vários no bolso juntos das chaves de casa. Essas marcas contam uma história obscura que o silêncio faz questão de calar. 

Mimado! Egoísta! Soberbo!

São tantos rótulos, imagina se fizesse questão de explicar?

Enquanto isso um dia segue o outro na já tão conhecida ditadura do tempo, que não se importa com nada. E eu aqui, me importando com o tempo. 

Com quanto silêncio se explica uma dor absurda?

Ainda posso sentir o gosto amargo do uísque em minha boca seca. O gosto amargo daquele destilado barato em minha boca.

20 de dezembro de 2015

Quem se vendeu?

Talvez ser ninguém no sistema seja tão pouco. Talvez fosse correto lutar para ser a própria felicidade.
Quem se vendeu?
Não me vendi.
Certeza?
Claro que sim.
Vejo um moleque querendo ser o que acredita ser, logo.
Mais um garoto se fingindo de homem feito, escondido atrás de um terno e gravata.
Ele tinha tudo para ser a vida padrão, mas disse não.
Que caminho seria pior do que a escolha de ser alguma coisa relevante. Ter uma voz?
Quem se vendeu?
É um tempo investido aqui para ser investido em outra coisa. 
O tempo passa e acabou. A bagagem da vida pode ser experiência.
Prefiro essência. Quem se vendeu? 

Não fui eu.