Ainda sinto o gosto amargo do uísque em minha boca seca. O
gosto amargo daquele destilado barato em minha boca.
Meus olhos tentam olhares diferentes, desesperadamente
montar as formas que façam algum sentido para entender o mundo em imagens.
Frustrante.
Um homem de tão pouca fé, ajoelhado pelas consequências,
prefere levantar esse corpo fétido e trabalhar. Tentar viver nessa carcaça em
frangalhos.
Mais cicatrizes tatuam o corpo, guardo vários no bolso
juntos das chaves de casa. Essas marcas contam uma história obscura que o
silêncio faz questão de calar.
Mimado! Egoísta! Soberbo!
São tantos rótulos, imagina se fizesse questão de explicar?
Enquanto isso um dia segue o outro na já tão conhecida
ditadura do tempo, que não se importa com nada. E eu aqui, me importando com o
tempo.
Com quanto silêncio se explica uma dor absurda?
Ainda posso sentir o gosto amargo do uísque em minha boca
seca. O gosto amargo daquele destilado barato em minha boca.