26 de junho de 2012

Quando me faltou o sono.


É mesmo assim quando a madrugada deixa de encantar para assustar, tal como a chuva que alaga as ruas extremamente inundadas. Sem como ir ou mesmo sem caminho de saída nos encontramos isolados nas ilhas de ideias turvas e repetidas e vamos seguindo pelo rumo que for proposto já que assim aceitamos o que vier a acontecer. É mesmo assim.

Quando me faltou o sono que percebi o barulho ensurdecedor que o silêncio pode causar. Quando me faltou o sono as ideias tomaram conta da minha mente e fervilharam, a mil. Quando me faltou o sono lembrei de você e queria ir até lá onde estivesse para te buscar, para conversarmos a noite inteira. Foi mesmo assim, quando me faltou o sono tomei coragem para escrever de novo qualquer coisa que viesse a cabeça porque o coração já há muito guarda.

Olhamos para o lado e não há nada, aquilo que dizem estar dentro de nós já é conhecido até demais. Não faz diferença alguma. Vejo o mesmo filme algumas vezes e não posso fazer muita coisa, mas estou aqui. É mesmo assim, gostaria muito que alguém tivesse dito isso pra mim quando me encontrava atuando naquele papel ingrato e sofrido.

As coisas ruins acabam alguma hora e geralmente daríamos risadas se não estivéssemos ocupados demais sentindo falta das boas, que também foram embora. Não há solução milagrosa, se é que existe algo milagroso. Essa certeza que eu vejo em você, nos outros é invejável. Dúvidas, talvez seja delas que eu viva e me sustente onde as verdades que são perseguidas não sejam realmente as respostas desejadas, sejam apenas pretextos para fomentar as dúvidas e elas sim são necessárias.

Quando todo o meu corpo pedia agilidade e atenção, me mantive calmo, só pra contrariar. Enquanto o mundo desabava do meu lado me mantive inerte só pra ver o circo pegar fogo porque nada que venha a acontecer, salvo as coisas das quais temos mesmo medo, fará alguma diferença relevante. Então só pra contrariar eu não estou nem ligando.

Quase, talvez ninguém saiba o que está sendo dito agora. Não é momento para compartilhar o que quer que seja no mundo dito normal, alguns me disseram ser até imoral. Fazer o quê? São meus segredos, poucos e nem assim tão claramente contados. Fora realmente nesta hora, quando me faltou o sono.

Assim que o sono chegou ainda escrevia e me lembrava das coisas boas que foram embora, de quem me faz falta neste momento, das coisas ruins que vem e me assolam e daquelas horas que enrolam. Era meio poeta e meio louco, meio bêbado e completamente inescrupuloso. No imaginário tudo era perfeito e possível, na realidade era só o sono tomando conta do espírito. Espero que o pouco descanso que está por vir seja necessário para me manter de pé a cumprir todas as tarefas mais ou menos assim planejadas.

Quando os planos foram frustrados havia o plano B, mas na sequência desencadearia-se uma série de eventos que não comportariam planos. É, os planos geralmente não dão certo, é do improviso que a gente vive e de onde tiramos as melhores coisas nessa vida.

Quando me faltou o sono, eu escrevi. Quando o sono chegou, eu continuei. Quando finalmente dormi, tive que acordar. Na hora de descansar eu corri. Na hora de correr, me escondi. Na hora de te abraçar, me afastei e quando fui falar já havia esquecido o que dizer. As outras linhas escritas se perderam, apagarem-se pelo tempo desbotadas em um papel guardado no bolso.

Esses barulhos às vezes me assustam e outras me causam risadas. Quando me faltou o sono eu lembrei, quando o sono se foi nem me lembrei mais o que precisava. O sentido disso tudo somos nós quem damos, outras horas seremos existências vazias até encontrarmos alguma essência que faça sentido. É estranho ter certeza absoluta e comprovada de algo em que pareça um pouco impossível de acreditar.

E foi assim, como é. Quando me faltou o sono, eu fui eu mesmo, sozinho em devaneios perdido na realidade. Ninguém teria pena disso, não faria qualquer sentido. Aqui vai mais uma parte de mim transcrita em uma página em branco, tomara que eu lembre disso algum dia e me sinta bem, pois fora assim que curei meu espírito num dia feliz, muito feliz de uma noite que me faltou o sono.

Nenhum comentário: